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Com um cenário de exportação de petróleo muito mais claro graças aos projetos de infraestrutura em andamento, o grande tema de debate nesta edição do Argentina Oil & Gas 2024 foi o Gás Natural Liquefeito (GNL) e os desafios que o país enfrenta para se tornar um fornecedor global.
Sendo uma das grandes empresas de gás a nível mundial, a Shell aparece como uma das companhias com uma das melhores condições para se tornar a parceira que a Yacimientos Petrolíferos Fiscales (YPF), empresa estatal petroquímica argentina, precisa para desenvolver o ambicioso projeto Vaca Muerta, que pretende produzir 30 milhões de toneladas por ano de GNL.
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Conhecido como Vaca Muerta, o projeto é uma das grandes apostas da Argentina para se tonar um competidor a nível global no setor. O projeto, que é tocado tanto pelo governo quanto por empresas privadas, pode aumentar a capacidade de exportação do país para nações vizinhas, como o Brasil e o Chile, e fica localizado na segunda maior reserva de formação de xisto do mundo.
Sabendo da importância estratégica do projeto, a Forbes visitou o estande da Shell Argentina para perguntar ao seu atual presidente e ex-vice-presidente da Shell Brasil, Germán Burmeister, o que é necessário para alcançar o objetivo.
Forbes: Você assumiu a presidência da empresa recentemente, em um momento em que estão ocorrendo discussões cruciais para a indústria energética do país. Com o que você se deparou e qual é o objetivo macro que você estabelece para a empresa?
Germán Burmeister: Acredito que é um grande reconhecimento para a indústria ter colocado Vaca Muerta no lugar onde está hoje, gerando essa expectativa de oportunidade para que se torne algo transformador para a economia argentina. E eu acho que voltar para a Argentina e ajudar minha empresa, de maneira criativa, a ser parte desse processo de alguma forma é algo realmente empolgante.
Quais são os próximos marcos em termos extração em plataforma de xisto e qual é o seu foco?
Hoje, produzimos aproximadamente 50 mil barris por dia, entre negócios operados e não operados. Nosso próximo objetivo é concluir uma planta de processamento de petróleo e gás no próximo ano e chegar a 70 mil barris por dia em um prazo de 12, 14 ou 18 meses.
Qual é o nível de investimento necessário para essa etapa?
Atualmente, estamos investindo entre US$ 500 e 600 milhões (R$ 2,9 e 3,4 bilhões) por ano.
Considerando toda a infraestrutura em andamento e a capacidade de evacuação que será liberada, que novas áreas você planeja desenvolver?
Acredito que a Shell possui uma posição muito atrativa em termos de localizações na bacia. Estamos estudando diferentes cenários de crescimento que dependem de vários fatores: o país, o cenário macroeconômico, a infraestrutura, as regulamentações, a cadeia de valor, a competitividade, e o capital humano. Então, acho que vários fatores podem impactar. Acredito que todos os grandes projetos de infraestrutura que estão sendo anunciados são fundamentais e, como participantes da indústria, os recebemos de braços abertos.
Até agora, a decisão da companhia foi focar na produção de petróleo. Vocês têm interesse em se tornar também produtores de gás nesse novo cenário?
Globalmente, somos um dos grandes players de GNL e gás, seja de gasoduto ou, principalmente, de GNL. Acho que a Argentina está se posicionando como um potencial fornecedor de GNL a nível mundial, o que é bem-vindo. E nós, como companhia e pelo papel global que desempenhamos, vemos isso como uma oportunidade que vamos explorar. Particularmente, de um ponto de vista pessoal, ver a Argentina crescer e gerar mais uma base para a economia, que hoje possui poucas, é algo muito desejado por todos. Independentemente de quem o faça, todos sairemos beneficiados.
Você vê isso como algo viável? O que o país deveria fazer para criar as condições para que isso aconteça?
Acho que a Argentina precisa se tornar um país confiável, com regras claras e uma economia estável para atrair investimentos. O grande problema da Argentina nas últimas décadas tem sido a falta de investimento. Escolha qualquer rodovia nacional: são as mesmas de 50 anos atrás. A Argentina está sedenta por investimentos. Não agora, mas há décadas. E acredito que é isso que precisa mudar.
Mas talvez essas sejam mudanças que levam muitos anos, e a janela de oportunidade para o GNL não permite esse tempo. Como você vê esses prazos?
Acredito que existe uma janela. Se ela é de dois, três ou quatro anos, cada um pode ter sua opinião. Mas essa janela não é eterna, e precisamos aproveitá-la.
Quais novidades vocês têm na área de exploração offshore?
Quando estávamos celebrando nosso aniversário de 110 anos, recebemos a autorização para a declaração de impacto ambiental, que era fundamental para iniciar a campanha sísmica. Esta já foi contratada e acreditamos que começaremos no final do ano. São vários meses de trabalho, depois de estudo e análise, para ver se vale a pena o próximo passo.
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Como você percebe a situação atual do país? Você vê mudanças positivas para que o setor possa desenvolver todo o potencial que é discutido há tantos anos?
Não sei se é uma boa analogia, mas vários grãos de areia fazem uma praia. Então, acredito que nossa indústria é uma das poucas, mas espero que seja uma entre muitas que o país precisa para o bem-estar e crescimento de todos. Prefiro ver o copo meio cheio e acreditar que nossa indústria contribuirá positivamente para o desenvolvimento do país. Vai impactar todos? Não sei, mas certamente impactará muitos, e isso já é extremamente importante.
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