A recente escalada das tensões no Oriente Médio, com o envolvimento do Irã e do grupo extremista Hezbollah, está causando preocupações sobre o impacto na oferta e nos preços do petróleo, o que pode afetar diretamente o agronegócio e os custos agrícolas no Brasil. A região é estratégica, pois é responsável por aproximadamente 50% das reservas mundiais de petróleo, e conflitos nessa área podem gerar instabilidade no mercado global.
O advogado e assessor de investimentos Bruno Rocio destacou a importância da região: “O Estreito de Ormuz, por onde passa de 20% a 25% de todo o petróleo comercializado no mundo, é uma rota vital e vulnerável. Qualquer escalada do conflito pode impactar diretamente os preços globais.”
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Segundo Rocio, o envolvimento do Irã, membro influente da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP+), é motivo de grande preocupação. “O Irã pode efetivamente reduzir a produção de petróleo em resposta às tensões regionais. Há também o risco de ataques às refinarias, o que pode gerar ainda mais incerteza no mercado“, explicou.
Impacto nos custos do Brasil
Mesmo sendo um produtor relevante de petróleo, o Brasil não está imune aos efeitos da crise. “A Petrobras ajusta os preços internos conforme o mercado global, então, com esse cenário no Oriente Médio, poderíamos ver um aumento do petróleo aqui no Brasil“, ressaltou Rocio. Ele destacou que o país é um importador de gasolina e diesel, o que poderia elevar os custos do transporte e da produção, impactando a inflação. “Apesar do Banco Central já estar tentando conter a inflação com a alta dos juros, uma escalada do conflito pode exigir um ‘remédio’ ainda mais amargo“, afirmou.
Possíveis sanções e impactos nos insumos agrícolas
Rocio alertou ainda para o histórico de sanções econômicas contra países do Oriente Médio em cenários de crise, o que poderia afetar o preço dos fertilizantes e outros insumos agrícolas. “O Irã é um dos maiores produtores de fertilizantes. Se houver sanções que limitem sua capacidade de exportar, os custos de produção agrícola no Brasil, que depende dessas importações, podem aumentar, encarecendo os produtos alimentícios e pressionando ainda mais a inflação“, explicou.
Análise de Miguel Daoud
O comentarista Miguel Daoud também avaliou a situação, destacando que o conflito pode afetar não apenas o preço do petróleo, mas também a oferta e os preços das commodities. “O conflito tem mexido com o preço do barril nos últimos dias, mas a situação também pode impactar a logística e a oferta de insumos agrícolas, gerando aumento nos custos“, afirmou.
Daoud enfatizou que o produtor rural precisa estar atento a essas variáveis e entender como elas podem afetar tanto os preços dos produtos quanto os custos. “Os insumos agrícolas, principalmente os nitrogenados, que dependem do petróleo, terão seus preços afetados se o conflito se intensificar“, comentou.
Além disso, ele ressaltou a necessidade de compreensão e análise da situação, dado que o cenário global está se tornando cada vez mais volátil: “O produtor precisa focar no entendimento do que está acontecendo para se preparar para possíveis impactos na produção e nos custos.”
A situação no Oriente Médio, portanto, traz desafios econômicos e financeiros que podem ter consequências no agronegócio brasileiro, demandando dos produtores uma maior atenção e planejamento estratégico para mitigar os riscos envolvidos.
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