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Entendendo o Grupo de Maturidade Relativa (GMR) na soja

O Grupo de Maturidade Relativa (GMR) representa o tempo necessário para que a soja complete seu ciclo, desde a semeadura até a maturidade fisiológica, em dias, e é influenciado por fatores como fotoperíodo, práticas de manejo da lavoura e a região de cultivo. A classificação em GMRs permite uma estimativa mais precisa da duração do ciclo de desenvolvimento da soja, considerando as condições específicas de cada local.


No Brasil, estudos identificaram cultivares que servem de referência para a classificação em GMRs. Cultivares com GMR entre 4.5 e 7.0 apresentam ciclo mais curto e são mais adequadas para regiões subtropicais, enquanto cultivares com GMR entre 6.5 e 10.0 têm ciclos mais longos, adaptando-se melhor a regiões tropicais. Quanto maior o GMR, mais longo será o ciclo de desenvolvimento da planta, mas essa relação é impactada pela época de semeadura (Figura 1).


Figura 1. Evolução do ciclo de desenvolvimento de cultivares de soja com diferentes grupos de maturidade relativa (GMR) na semeadura de outubro em Coxilha, Rio Grande do Sul, Brasil (A) e em épocas de semeadura (outubro, novembro, dezembro e janeiro) em Santa Maria, Rio Grande do Sul, Brasil (B).

Fonte: Equipe FieldCrops.

Quando a semeadura ocorre fora do período ideal, especialmente com atraso, o ciclo de desenvolvimento da soja é encurtado, independente do GMR da cultivar. No Sul do Brasil, onde o fotoperíodo varia mais ao longo do ano e a janela de semeadura é ampla, essa redução no ciclo é mais acentuada. Já em regiões como o Centro-Oeste, onde o fotoperíodo é mais constante e o período de plantio é mais curto, a variação no ciclo é menor.


A redução do ciclo está relacionada ao encurtamento das fases de desenvolvimento da planta. Desde a semeadura até a emergência, o aumento da temperatura do solo acelera o processo. Nas fases vegetativa e reprodutiva, o fotoperíodo e a temperatura desempenham um papel importante. A fase de formação de legumes, por exemplo, é a mais impactada pelo atraso da semeadura, enquanto o enchimento de grãos sofre a menor variação, pois depende mais das características genéticas da cultivar.


Embora a nova classificação de cultivares por meio dos GMRs aumentar a precisão na estimativa da duração do ciclo de desenvolvimento da soja, especialmente em semeaduras realizadas próximas à primeira quinzena de novembro, essa precisão diminui em semeaduras realizadas no final de setembro, início de outubro ou após a segunda quinzena de dezembro nas regiões subtropicais do Sul do Brasil (Figura 2). Essa menor exatidão é causada pela variação no fotoperíodo e na temperatura nessas épocas extremas de semeadura, além de características genéticas das cultivares, como a juvenilidade. Mesmo assim, observa-se que semeaduras precoces tendem a prolongar o ciclo de desenvolvimento, enquanto semeaduras tardias o encurtam, independentemente do GMR da cultivar.


Figura 2. Duração, em dias, do ciclo de desenvolvimento dos grupos de maturidade relativa 4.8 a 7.5 em épocas de semeadura para o Sul do Brasil.

Fonte: Equipe FieldCrops.

Dessa forma, a classificação em GMRs trouxe avanços importantes para a previsão do ciclo de desenvolvimento da soja, permitindo a escolha de cultivares mais adequadas para diferentes regiões e épocas de semeadura. Apesar de sua precisão ser maior em semeaduras realizadas na época ideal, como na primeira quinzena de novembro, o comportamento das cultivares pode variar com o atraso ou a antecipação da semeadura, devido às condições de fotoperíodo e temperatura. O entendimento dessa dinâmica é essencial para manejar a lavoura com eficiência, maximizando o potencial produtivo e minimizando riscos, independentemente das condições específicas de cada safra.







Referências bibliográficas

Tagliapietra, Eduardo L. et al. Ecofisiologia da soja: visando altas produtividades. 2. ed. Santa Maria, 2022.


 



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