Com crescente participação nas lavouras brasileiras, o picão-preto (Bidens pilosa & Bidens subalternans), tem se tornado uma planta daninha cada vez mais comum em meio a soja. Durante o início do desenvolvimento, as duas espécies são muito similares, somente após a floração, as características distintivas de cada espécie se tornam mais evidentes.
Uma das característica que auxilia na diferenciação é que, para a espécie B. pilosa o segundo par de folhas apresenta diferenças em relação ao primeiro, enquanto na B. subalternans o segundo par é igual ao primeiro par de folhas (Fundação ABC, 2023).
De acordo com Rizzardi, uma única planta de picão-preto produz acima de 3000 aquênios. Essa elevada capacidade de produção associada à capacidade de completar o ciclo em curto espaço de tempo faz com que possua uma rápida disseminação.
Figura 1. Características das plantas para diferenciação das espécies de picão-preto Bidens pilosa (esquerda) e Bidens subalternans (direita).

As características fisiológicas do picão-preto, conferem a essa planta daninha uma elevada habilidade competitiva. Ainda que estudos mais recentes necessitem ser desenvolvidos para avaliar a interferência em cultivares mais modernas, conforme analisado por Rizzardi et al. (2003), dependendo da densidade populacional de picão-preto, as perdas de produtividade em soja podem chagar a quase 60%.
Figura 2. Perdas de rendimento de grãos de soja em função de densidade de plantas de picão–preto.

Atrelado a elevada habilidade competitiva do picão-preto, as principais espécies apresentam resistência a herbicidas, o que torna ainda mais complexo o controle dessas plantas daninhas na pós-emergência. Segundo Heap (2025), há relatos de casos B. pilosa com resistência simples aos herbicidas inibidores da ALS (1993) e resistência múltipla aos herbicidas inibidores da ALS e inibidores da fotossíntese ao nível do fotossistema II (2016). Já os casos relatados de B. subalternans são mais recentes, incluindo a resistência simples aos herbicidas inibidores da ALS (1996), e EPSPs (2023) e a resistência múltipla aos herbicidas inibidores da ALS e inibidores da fotossíntese ao nível do fotossistema II (2006).
Quadro 1. Casos de Resistência de Bidens pilosa e Bidens subalternans a herbicidas no Brasil.

De acordo com o Professor e Pesquisador Alfredo Albrecht, a resistência de populações de Bidens sp., em conjunto com o curto ciclo da planta e fluxos de emergência ao longo do ciclo da soja, dificultam o manejo eficiente do picão-preto.
Como estratégia de manejo para reduzir os fluxos de emergência dessa planta daninha, destaca-se o emprego de herbicidas pré-emergentes. A Fundação ABC (2023), salienta que, para o controle do banco de sementes do picão-preto, uma alternativa é o uso do herbicida Clomazone em áreas onde herbicidas inibidores da ALS, como Imazetaphyr, não apresentam eficácia (Costa, 2024).
Com relação ao controle pós-emergente, especialmente em áreas em que há dificuldade em controlar o picão-preto com o glifosato, uma alternativa de manejo consiste no emprego de herbicidas inibidores da PROTOX, como Fomesafen em populações sensíveis. Contudo, vale destacar que, nesses casos é indispensável atentar para o estádio de desenvolvimento das plantas daninhas, sendo essencial que a planta seja controlada nos estádios iniciais do seu desenvolvimento, entre 2 e 4 folhas de tamanho para um controle eficiente.
Confira o vídeo abaixo com as contribuições do Professor e Pesquisador Alfredo Albrecht.
Inscreva-se agora no canal Professores Alfredo & Leandro Albrecht clicando aqui!
Acompanhe nosso site, siga nossas mídias sociais (Site, Facebook, Instagram, Linkedin, Canal no YouTube)
Referências:
COSTA, V. O. PICÃO-PRETO: CARACTERÍSTICAS, CASOS DE RESISTÊNCIA, OCORRÊNCIA DE ESCAPES E ESTRATÉGIAS DE MANEJO DA ESPÉCIE. Mais Soja, 2024. Disponível em: < https://maissoja.com.br/picao-preto-caracteristicas-casos-de-resistencia-ocorrencia-de-escapes-e-estrategias-de-manejo-da-especie/ >, acesso em: 21/01/2025.
FUNDAÇÃO ABC. PICÃO-PRETO, DIFERENÇA ENTRE ESPÉCIES E RESISTÊNCIA A GLYPHOSATE. Fundação ABC, 2023. Disponível em: < https://fundacaoabc.org/2023/11/30/picao-preto-diferenca-entre-especies-e-resistencia-a-glyphosate/ >, acesso em: 21/01/2025.
HEAP, I. BANCO DE DADOS INTERNACIONAL DE ERVAS DANINHAS RESISTENTES A HERBICIDAS. Online, 2025. Disponível em: < https://weedscience.org/Pages/Species.aspx >, acesso em: 21/01/2025.
HRAC. CASOS DE RESISTÊNCIA EM ESPÉCIES DE PICÃO-PRETO (Bidens spp.) NO BRASIL. Comitê de Ação a Resistencia aos Herbicidas – HRAC, 2024. Disponível em: < https://www.hrac-br.org/post/casos-de-resist%C3%AAncia-em-esp%C3%A9cies-de-pic%C3%A3o-preto-bidens-spp-no-brasil >, acesso em: 21/01/2025.
HRAC. Bidens subalternans E Bidens pilosa. Comitê de Ação a Resistencia aos Herbicidas – HRAC, 2022. Disponível em: < https://www.hrac-br.org/post/bidens-subalternans-e-bidens-pilosa >, acesso em: 21/01/2025.
RIZZARDI, M. A. et al. PERDAS DE RENDIMENTO DE GRÃOS DE SOJA CAUSADAS POR INTERFERÊNCIA DE PICÃO-PRETO E GUANXUMA. Ciência Rural, 2003. Disponível em: < https://www.scielo.br/j/cr/a/LFwJKQSSzmkZZRxZwfNgHJx/?format=pdf&lang=pt >, acesso em: 21/01/2025.
RIZZARDI, M. A. PLANTAS DANINHAS: PICÃO-PRETO. Up Herb, Academia das Plantas Daninhas. Disponível em: < https://www.upherb.com.br/int/picao-preto >, acesso em: 21/01/2025.
O post Com difícil controle, picão-preto vem ganhando espaço em lavouras de soja apareceu primeiro em MAIS SOJA - Pensou Soja, Pensou Mais Soja.