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Cultura da soja no Brasil: Guia Completo do Plantio à Industrialização

A soja é a principal cultura do agronegócio brasileiro, representando não apenas uma importante fonte de renda para produtores rurais, mas também um grande pilar da economia. 





Com uma produção que ultrapassa 120 milhões de toneladas anuais, o país lidera o ranking mundial de produção e exportação deste grão versátil. 





O papel da cultura da soja vai muito além das lavouras, influenciando contratos futuros amplamente negociados nas principais bolsas de valores globais.





Seja você um agricultor experiente ou um iniciante no setor, este guia completo contempla todos os aspectos essenciais da leguminosa, desde o planejamento do plantio até sua industrialização. Confira:





O que é soja?





A soja (Glycine max) é uma leguminosa originária da Ásia, cultivada há mais de 5.000 anos, que se tornou uma das principais commodities agrícolas do mundo.





No Brasil, sua adaptação e desenvolvimento revolucionaram o agronegócio, especialmente a partir da década de 1970, quando houve expansão agrícola no país. 





Ao longo dos anos, se tornou matéria-prima para a produção de alimentos, rações animais, biocombustíveis e produtos industriais.





Rica em proteínas, óleo vegetal e aminoácidos essenciais, a soja é uma fonte alimentar importante tanto para humanos quanto para animais.





Em relação ao clima, a cultura tem uma boa adaptabilidade às condições de solo e clima, crescendo em climas tropicais, subtropicais e temperados. 





Por conta disso, é popular em países como Brasil, Estados Unidos e Argentina, que são os maiores produtores mundiais de soja.





As necessidades básicas da soja incluem solo bem drenado, rico em matéria orgânica e pH equilibrado, além de um clima que ofereça chuvas regulares e temperaturas amenas. Essa combinação de fatores possibilita um crescimento uniforme e produtivo.





Quanto tempo demora a cultura da soja?





O ciclo de cultivo da soja varia conforme a variedade da planta, às condições climáticas e o sistema de manejo adotado, levando de 90 a 150 dias (3 a 5 meses) desde o plantio até a colheita.





Tudo começa com a germinação e emergência (0 a 10 dias), seguido pelo crescimento vegetativo (10 a 45 dias), floração (45 a 65 dias), formação e enchimento de grãos (65 a 120 dias) e, finalmente, a maturação (120 a 150 dias), quando os grãos estão prontos para a colheita. 





Algumas cultivares precoces podem ter ciclos mais curtos, enquanto as de ciclo longo podem levar até 5 meses.





Preparo e Plantio da Soja: Como funciona?





O sucesso da lavoura de soja começa muito antes da semeadura, com o preparo adequado do solo. Isso inclui a correção da acidez e a adequação da fertilidade, essenciais para alcançar alta produtividade.





A semeadura deve ser feita no momento certo, combinada com a fixação biológica de nitrogênio, que forma a base para um desenvolvimento vigoroso da cultura.





Práticas de rotação de culturas também são importantes para melhorar a qualidade do solo, além de ajudar no controle de pragas e doenças.





Além disso, o uso de tecnologia, como semeadoras de alta precisão, garante uma distribuição uniforme das sementes, potencializando o desempenho da lavoura desde o início.











Cultivares e melhoramento da soja 





A escolha da cultivar adequada é decisiva para o sucesso da lavoura. A boa notícia é que o Brasil tem programas de melhoramento genético mais avançados do mundo, desenvolvendo cultivares adaptadas às diferentes regiões e condições de cultivo do país. 





Essas cultivares não só oferecem resistência a doenças e pragas, como também garantem alto potencial produtivo. 





Os avanços na biotecnologia também têm permitido o desenvolvimento de variedades transgênicas, que são mais eficientes no uso de recursos naturais, como água e nutrientes, proporcionando mais tolerância a condições adversas, como estresse hídrico e temperaturas extremas. 





O melhoramento genético busca características como o aumento da produtividade, a melhoria da qualidade do grão e a otimização do ciclo da soja, tornando a produção mais competitiva e sustentável. 





Essas inovações fazem toda a diferença para que os produtores mantenham a alta produtividade, mesmo frente aos desafios impostos pelas mudanças climáticas e pela demanda crescente do mercado.





Quais são as principais doenças da soja?





Assim como outras culturas, a soja também é atingida por doenças e pragas, que podem comprometer qualquer lavoura. 





A grande maioria dessas doenças são causadas por uma combinação de fungos, bactérias e vírus, variando o impacto dessas, mas geralmente resulta em perdas na produção, redução da qualidade do grão, menor resistência das plantas e até a morte precoce das culturas. 





A compreensão disso e do manejo adequado são o melhor plano de prevenção, garantindo uma lavoura saudável desde o início do ciclo até a colheita. Abaixo separamos uma lista com  as doenças mais comuns que afetam a a cultura da soja:





1. Míldio (Peronospora manshurica)






  • Sintomas: Manchas amarelas ou acinzentadas nas folhas, com pó branco na parte inferior.




  • Impacto: Redução da fotossíntese, o que compromete o crescimento e a produtividade da planta.




  • Controle: Uso de cultivares resistentes e fungicidas.





Mais informações: Como identificar míldio na lavoura?





2. Ferrugem asiática (Phakopsora pachyrhizi)






  • Sintomas: Manchas de cor amarela ou laranja nas folhas, que depois se tornam marrons.




  • Impacto: Pode reduzir drasticamente o rendimento da soja, especialmente se não controlada a tempo.




  • Controle: Fungicidas, rotação de culturas e o uso de variedades resistentes.





Saiba mais: Ferrugem asiática: 6 dicas para controlar a doença





3. Antracnose (Colletotrichum gloeosporioides)






  • Sintomas: Manchas escuras e pontilhadas nas folhas, vagens e caules, com áreas necrosadas.




  • Impacto: Diminuição do crescimento da planta e da qualidade do grão.




  • Controle: Fungicidas e o uso de cultivares resistentes.





Fique por dentro: Antracnose nas culturas de grãos: Como controlar de modo eficaz?





4. Cercosporiose (Cercospora sojina)






  • Sintomas: Manchas marrons nas folhas, com margens amareladas.




  • Impacto: Diminuição da área fotossintética e, consequentemente, da produtividade.




  • Controle: Fungicidas e práticas de manejo adequadas.





5. Podridão radicular (Phytophthora sojae)






  • Sintomas: Amarelecimento e murchamento das plantas, principalmente em solos encharcados.




  • Impacto: A doença afeta as raízes, comprometendo a absorção de água e nutrientes.




  • Controle: Uso de sementes tratadas com fungicidas e a drenagem adequada do solo.





Mais detalhes em: Como identificar e manejar a podridão radicular em soja?





6. Mofo branco (Sclerotinia sclerotiorum)






  • Sintomas: Aparecimento de manchas brancas e felpudas nas vagens e folhas, que evoluem para necrose.




  • Impacto: Redução na produtividade e na qualidade dos grãos.




  • Controle: Fungicidas e manejo adequado da rotação de culturas.





Entenda melhor: Mofo-branco: Como identificar, controlar e prevenir?





7. Viroses (Ex: Vírus do mosaico da soja)






  • Sintomas: Manchas mosaico nas folhas, que podem afetar o crescimento da planta.




  • Impacto: Redução do vigor da planta e da produção de grãos.




  • Controle: Controle de insetos vetores, como pulgões, e uso de sementes certificadas.





8. Mancha-alvo (Corynespora cassiicola)






  • Sintomas: Manchas circulares com bordas amareladas nas folhas.




  • Impacto: Comprometimento da fotossíntese, levando à queda precoce das folhas.




  • Controle: Fungicidas e monitoramento da cultura.





9. Bacteriose (Xanthomonas axonopodis pv. glycines)






  • Sintomas: Manchas necróticas nas folhas e caules, com bordas amareladas.




  • Impacto: Pode reduzir o vigor da planta e a produtividade.




  • Controle: Uso de sementes livres de patógenos e práticas de manejo adequadas.





Manejo Fitossanitário da Soja: Melhores métodos 





O controle integrado de pragas, doenças e plantas daninhas é a melhor forma de proteger o potencial produtivo da lavoura, garantindo a sustentabilidade e a eficiência econômica a longo prazo. 





Um manejo integrado eficaz combina diversas abordagens de controle, utilizando métodos biológicos, químicos, culturais e físicos de maneira harmoniosa, reduzindo a dependência de produtos químicos e minimizando os impactos ambientais. 





Cada um desses métodos oferece vantagens específicas e pode ser utilizado de forma combinada para garantir a proteção das lavouras de maneira eficaz e sustentável. Confira: 





1. Métodos Biológicos





O controle biológico é uma abordagem ecológica e muito comum nas fazendas que usa organismos vivos para combater pragas e doenças. 





Esses organismos podem ser predadores naturais, parasitas ou patógenos que atacam as pragas-alvo. Alguns exemplos incluem o uso de insetos benéficos, como joaninhas e vespas parasitoides, que predam pulgões e outros insetos nocivos. 





Além disso, o controle biológico pode envolver a introdução de fungos, bactérias ou vírus que atacam pragas específicas, diminuindo a necessidade de pesticidas. 





2. Métodos Químicos





O controle químico envolve o uso de defensivos agrícolas, como pesticidas, fungicidas e herbicidas, para combater pragas, doenças e plantas daninhas. 





Embora seja uma ferramenta eficaz, o uso indiscriminado de produtos químicos pode causar resistência das pragas e danos ao meio ambiente. 





Por isso, a recomendação é usar defensivos com consciência, monitoramento constante e sempre que possível, alternando os ingredientes ativos para prevenir a resistência. 





O controle químico é ótimo quando usado em conjunto com outros métodos, como o biológico e o cultural, minimizando os impactos negativos.





3. Métodos Culturais





Os métodos culturais são práticas que podem reduzir a pressão das pragas e melhorar a saúde geral das plantas. Algumas dessas práticas incluem:






  • Rotação de culturas: Alternar as espécies cultivadas em uma mesma área ajuda a evitar a proliferação de pragas específicas de uma planta e melhora  a fertilidade do solo.




  • Plantio direto: Ao evitar o revolvimento do solo, essa prática preserva a estrutura do solo e a reduz a germinação de plantas daninhas.




  • Uso de cultivares resistentes: A escolha de variedades com resistência natural a determinadas doenças e pragas reduz a necessidade de intervenções externas.




  • Cobertura do solo: As plantas de cobertura melhoram a retenção de umidade, controlam plantas daninhas e previnem a erosão do solo.





4.Métodos Físicos





O controle físico envolve a aplicação de métodos diretos para controlar pragas e plantas daninhas sem o uso de substâncias químicas. Alguns exemplos incluem:






  • Capinas manuais ou mecânicas: Remoção física de plantas daninhas por meio de ferramentas ou máquinas.




  • Barreiras físicas: O uso de redes, telas ou coberturas para impedir a entrada de pragas, como insetos e roedores.




  • Armadilhas: Instalar armadilhas para capturar insetos ou outros animais prejudiciais à lavoura.




  • Luz e temperatura: O uso de luz ultravioleta ou variações de temperatura para matar pragas em determinadas fases de seu ciclo de vida, ou até mesmo o uso de calor para controlar ervas daninhas.





5. Combinando Métodos





A integração desses métodos de controle é a chave para um manejo eficaz e sustentável. O uso combinado minimiza o impacto de cada método, além de reduzir a dependência de produtos químicos e promover um ambiente agrícola mais saudável. 





Ao priorizar soluções naturais e ecologicamente responsáveis, o manejo integrado não só melhora a produtividade das lavouras, mas também contribui para a preservação do meio ambiente e a saúde do solo.





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Estratégias de Manejo Integrado para Soja





Uma boa estratégia de manejo integrado inclui o monitoramento constante das lavouras, que identifica precocemente sinais de infestações, doenças ou a presença de plantas daninhas, facilitando a tomada de decisões rápidas e eficazes. 





O monitoramento pode ser feito por meio de inspeções regulares no campo, uso de tecnologia de sensores e sistemas de informação geográfica (GIS), que ajudam a mapear as áreas afetadas e a planejar ações corretivas.





Os defensivos devem ser feitos de forma racional e estratégica, respeitando as doses recomendadas e priorizando a rotação de princípios ativos para evitar o desenvolvimento de resistência.





Isso deve ser combinado com práticas culturais como a rotação de culturas, plantio direto, controle de resíduos de cultura e o uso de cultivares resistentes para reduzir a pressão das pragas e doenças. 





Práticas de manejo integrado de plantas daninhas (MIPD), como a rotação de herbicidas e o uso de coberturas vegetais, também são essenciais para prevenir o surgimento de resistência.





A chave para o sucesso está no equilíbrio entre a eficácia econômica e a sustentabilidade ambiental, proporcionando uma agricultura mais rentável e menos impactante para o meio ambiente.





Sistemas de Produção de soja





A soja pode ser cultivada em diferentes sistemas de produção, desde o convencional até modelos mais sustentáveis como a integração lavoura-pecuária e o cultivo orgânico. 





Cada sistema possui suas particularidades e exige um manejo específico para maximizar resultados.





O cultivo consorciado com outras culturas também tem se mostrado eficiente na otimização do uso da terra.





1. Sistema de Plantio Direto (SPD)





O plantio direto é a semeadura da soja diretamente sobre a palha de culturas anteriores, sem o revolvimento do solo, ajudando a preservar a estrutura do solo, reduzir a erosão e aumentar a retenção de umidade





O SPD melhora a fertilidade do solo por meio da cobertura vegetal, o que favorece a sustentabilidade a longo prazo, facilitando o controle de plantas daninhas e a redução de custos com tratos culturais.





2. Sistema de Rotação de Culturas





A rotação de culturas envolve alternar a soja com outras culturas, como milho, trigo ou feijão, ao longo de diferentes ciclos agrícolas e tem como objetivo:






  • Reduzir a pressão de pragas e doenças, uma vez que diferentes culturas atraem diferentes tipos de organismos.




  • Melhorar a fertilidade do solo. O uso do milho, por exemplo, pode ajudar a fixar nitrogênio no solo, beneficiando a soja no ciclo seguinte.




  • Controlar plantas daninhas de forma mais eficaz.





3. Sistema Integração Lavoura-Pecuária (ILP)





No sistema de Integração Lavoura-Pecuária (ILP), a soja é cultivada junto com a pecuária, alternando a produção de grãos e pastagem em um mesmo espaço ao longo do ano, proporcionando: 






  • Melhor aproveitamento do solo, com a soja sendo cultivada na entressafra da pastagem.




  • Aumento da rentabilidade, já que é possível diversificar as fontes de receita.




  • Maior sustentabilidade, pois a rotação entre as culturas ajuda a reduzir a degradação do solo.





4. Sistema de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF)





O ILPF é um sistema mais avançado que combina a produção de soja, pecuária e florestas, formando uma paisagem mais diversificada, oferecendo vantagens, como:






  • Preservação da biodiversidade, já que as florestas ajudam a manter o equilíbrio ecológico.




  • Diversificação de fontes de renda, com a possibilidade de venda de madeira, carne e soja.




  • Melhoria do ciclo do carbono, pois as árvores ajudam na captura de carbono, contribuindo para a sustentabilidade ambiental.





5. Sistema de Cultivo em Consórcio





No cultivo em consórcio, a soja é plantada junto com outras culturas, como milheto, sorgo ou braquiária, durante o ciclo de cultivo, permitindo que a lavoura:






  • Melhore a cobertura do solo, evitando erosão.




  • Aumente a diversidade biológica, o que pode ajudar a controlar pragas e doenças.




  • Maximize a utilização dos nutrientes do solo, já que diferentes plantas podem acessar nutrientes em diferentes profundidades.





6. Sistemas Intensivos com Alta Tecnologia





Com o avanço das tecnologias agrícolas, muitos produtores de soja adotam sistemas de produção intensivos, que incluem o uso de:






  • Sistemas de irrigação de precisão para garantir que a soja receba a quantidade certa de água.




  • Sensores e drones para monitoramento de pragas, doenças e saúde do solo.




  • Adubação e fertilização de alta precisão, utilizando dados de análises de solo e recomendações de fertilizantes específicos para cada área da lavoura.





Dominar todos os aspectos da produção da cultura da soja, desde o plantio até a comercialização, pode ser um grande diferencial para a qualidade da sua fazenda. 





Com as informações e recursos apresentados neste guia, você está mais preparado para tomar decisões assertivas e maximizar os resultados em sua propriedade.





A integração entre inovações tecnológicas e práticas sustentáveis é o caminho para enfrentar os desafios futuros. Seja você um pequeno produtor ou gestor de grandes áreas, este guia pode ser adaptado às suas necessidades.





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Perguntas Frequentes sobre a cultura da soja



























O custo de produção varia significativamente dependendo da região, tecnologia empregada e sistema de cultivo. Em média, pode variar de R$ 3.000 a R$ 5.000 por hectare, considerando todos os custos operacionais e fixos.















A escolha depende de diversos fatores, incluindo mercado-alvo, preço de venda, custo de produção e manejo de plantas daninhas. A soja transgênica facilita o controle de plantas daninhas, enquanto a convencional pode ter maior valor de mercado em alguns casos.















Os principais desafios incluem manejo de pragas e doenças sem agroquímicos, controle de plantas daninhas, maior demanda de mão de obra e processo de certificação. No entanto, o produto final geralmente tem maior valor agregado.















As alterações climáticas têm causado maior irregularidade nas chuvas, ondas de calor mais intensas e mudanças nos padrões de pragas e doenças, exigindo adaptação constante das práticas de manejo e desenvolvimento de cultivares mais resistentes.











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